Há a fantasia que se vivencia como farsa, fuga, agente conformador e entorpecente. Há a fantasia que é experiência criativa e autêntica, fruto de um desejo intrínseco, vital de ampliar as possibilidades de vida, de transformar a sociedade.
A primeira é inócua e esteriotipada, vem pasteurizada e enlatada, pronta para ser consumida em natais páscoas carnavais réveillons, dia dos pais das mães dos namorados; brad cruise, sharon jolie, luxo lixúria, carros tais roupas assim casa x e n cartões de crédito - informes publicitários que alimentam um estilo de vida, delimitam valores e perpetuam uma estrutura social miserável, violenta e injusta. Pobres crianças! Suas mentes tão tenras e criativas, capazes de evanescentes fantasias e sofrendo terríveis mutilações: um papai noel que atende crianças boazinhas e não tão pobres; coelhos da páscoa trazendos caríssimos ovos de chocolates; barbies e xuxas... Um universo inteiro de novas possibilidades sendo adestrado para o consumo, cerceado nos limites da mediocridade, reprimido e substituído por uma fantasia que só tem dois frutos: conformismo e desilusão. Uma indústria que engole crianças e molda adultos.
Agora o outro lado: a fantasia como catarse criativa em momentos de crise e capaz de fazer abrir novos horizontes; a fantasia utópica que nos impele à vida por outra sociedade, a fantasia surreal que expande a área da nossa consciência e que nos faz ver a vida com outros olhos, a fantasia intersemiótica que subverte linguagens e signos esteriotiopados provocando novos modos de se relacionar com o mundo e com os indivíduos, a fantasia poética que encanta e revoluciona nosso cotidiano...
Vale citar Eduardo Galeano: "A Utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Pra que serve a Utopia? Serve pra isso: pra que eu não deixe de caminhar." Cito também Charles Baudelaire: "O bom senso nos diz que as coisas da Terra são muito pouco reais, e que, a verdadeira realidade só existe nos sonhos."
Então viva a fantasia livre, em estado bruto e selvagem. Que só você possa lapidá-la ou regá-la. Que ela seja estopim e expressão de sua subjetividade mais autêntica e mais frutífera.
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poema da rexistência
tenho esculpido
sonhos de pétalas
em corpos imaginários
ardentes na vitrine do desejo
traçado um paraíso
em meus olhos de prata
num pacto com o vento
dançado sobre ruínas
e eliminado cinzas
de pesadelo humano
tenho me feito guerreiro
exposto meu coração
ao ouro dos punhais
e voltado emanando fumaças
de cores impossíveis
ora com um sorriso
ora com uma mordida
meus dentes têm seduzido sonhos
e instigado lutas
e meus lábios
sempre sujos de poesia
têm tatuado fantasias e desejos impuros
na alma de quem me beija
na palavra que esculpe
com a língua cortante
molhada de néctar e libido
(de poemas manifesto)
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possibilidades
...fazer o corpo humano um instrumento de prazer e não de labuta.
Herbert Marcuse
a vida que é lavoura
poderia ser também balet
às vezes lavoura
às vezes balet
mas ela é máquina
dióxido de carbono
engrenagem tijolo
sola de sapato gasta
querem-na gélida e ofuscante
e ela é o calor inerte de nossos atos no escuro
dias e noites sucessivas
plenos de segundos maçantes
poderia ter asas
ou saber ventar
reinventar diariamente – leve e doce
o plúmbeo ato de ser
(de anarcotráfego)
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realidades paralelas
cada noite mais densa
no limbo de cada dia
o sopro das desesperanças
varre cada sonho
e o que refresca a insônia?
o fardo da impotência
se revela em plenitude
e eu me deito na imaginação
quantos vales passeiam por meus pés
horas de felicidade
a rara lucidez
de um pássaro voando
talvez a lembrança
do socorro de um acaso
batendo no relógio
a cada segundo
algumas realidades paralelas
tímidas
que quando soltam a voz
são o único sentido da vida
(de anarcotráfego)
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o povo, o governo e a utopia
o fantástico
não obedece à razão
o fantoche obedece
o fantoche pode
ser fantástico
se bem manipulado
o fantástico é
o fantástico
(de anarcotráfego)
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caminho
meu maior sonho
é o passo à frente
que seja manco longo ou elegante
e seja firme
como marcha
seja flutuante
como pensar
sem ninguém na retaguarda
faminto implacável
vejo das estrelas
a realidade nua e crua
meu maior sonho
o passo a frente
(de anarcotráfego)
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olá, Ricardo.
ResponderExcluirquem me passou seu blog foi uma amigo querido, Keiny.
a poesia permeia minha vida e busco nas palavras algum refúgio.
ler logo na entrada seu texto sobre utopia, me encheu de alegria.
Waly Salomão disse "A vida é sonho"...
sonhemos, pois!
um beijo,
Thaís
Fala cara meu blog atual é jocafaria.blogspot.com
ResponderExcluirvou ler e divulgar..
jocafaria@yahoo.com.br
abra uma conta no orkut tá todo mundo lá..