É estranho caminhar na rua e ver que está tudo normal.
A mulher que pede esmola, o ar poluído, o cara no carro, o outro tomando coca-cola. Ele paquera, ela fala no celular e todos se arrastam, se suportam. Parece que estamos executando um programa, levando uma vida artificial e previsível até o momento em que alguém desliga o botão - a morte.
É estranho pensar que neste cenário alguém faça haicais, tente aprender a fazer blog de poesia e mudar as coisas. Eu só. Eu que sufocantemente sobrevivo e nos lampejos de vida, respiro. É estranho pensar que exitem no mundo milhares, talvez milhões de malucos sufocados como eu respirando pelas frestas de luz. É eles que realizam a fotossíntese espiritual e espalham a consciência de que precisamos permanecer vivos e atentos.
Afinal, na mais límpida realidade, tudo é perigoso, tudo é divino maravilhoso.
___________________________________ uns falam
outros faZEN
falar lacônico não é
fazer
belo discurso é não-curso
falar
um risco vital no silêncio
[só se ato cósmico
de palavra transatômica
transformando a vida]
outros faZEN
falar lacônico não é
fazer
belo discurso é não-curso
falar
um risco vital no silêncio
[só se ato cósmico
de palavra transatômica
transformando a vida]
(de poesia-zen-anarquia)
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se eu pudesse
faria um poema
contra a guerra
faria um poema
contra a guerra
(de poemas manifestos)
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possibilidades
...fazer o corpo humano um instrumento de prazer e não de labuta.
Herbert Marcuse
a vida que é lavoura
poderia ser também balet
às vezes lavoura
às vezes balet
mas ela é máquina
dióxido de carbono
engrenagem tijolo
sola de sapato gasta
querem-na gélida e ofuscante
e ela é o calor inerte de nossos atos no escuro
dias e noites sucessivas
plenos de segundos maçantes
poderia ter asas
ou saber ventar
reinventar diariamente – leve e doce
o plúmbeo ato de ser
...fazer o corpo humano um instrumento de prazer e não de labuta.
Herbert Marcuse
a vida que é lavoura
poderia ser também balet
às vezes lavoura
às vezes balet
mas ela é máquina
dióxido de carbono
engrenagem tijolo
sola de sapato gasta
querem-na gélida e ofuscante
e ela é o calor inerte de nossos atos no escuro
dias e noites sucessivas
plenos de segundos maçantes
poderia ter asas
ou saber ventar
reinventar diariamente – leve e doce
o plúmbeo ato de ser
(de anarcotráfego)
É bom saber de alguém que tem um olhar diferente das unanimidades expressa isso com poesia.
ResponderExcluirSil